quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

BORUSSIA DORTMUND-INTER 1964

HOMENAGEM:

Foi Rinus Michels ( que também passou por Barcelona)   que  inventou o futebol total  de Cruijf e Guardiola. Não vi o Ajax  que ele levou  ao primeiro  título europeu  (1971) , mas vi a Holanda de 1988. Michels começou, bem, como jogador numa tarde de 1946 contra o Den Haag e marcou...cinco golos. Retirou-se por lesão em 1958 e foi sempre considerado um jogador-operário.
A sua última equipa, a Holanda de 1988, também  contava com um jogador que não foi devidamente apreciado. Wim Kieft estava  instaladinho  como primeiro avançado do Ajax, e da selecção,  quando apareceu   Marco Van Basten.  Kieft ficou sempre com a fama de jogador-operário, mas não era bem assim.
A PASSADA:

Antes do campeonato começar disse ao meu amigo Lourenço  que Carrillo seria  a revelação do Sporting 2011/12. Estou  a caminho de acertar em cheio.
Começa porque, em regra,  um grande jogador de ataque não tem posição definida. Pensem em Gullit, Aimar,  Messi, Robben, Laudrup ( Michael), Zico, etc. Carrillo tem outra característica que dá cabo da cabeça aos defesas : a passada larga e a aceleração curta ( quando estou a trinco é o pior que me pode aparecer pela frente e resolvo normalmente com um encosto preventivo e enérgico). Combinadas com  boa recepção e melhor drible, fazem de um avançado uma mistura de tigre com serpente.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

PÃO E VINHO SOBRE A MESA:


Negrete: "Nos estágios, por exemplo, ficava sempre na mesa do Manuel Fernandes. Ele era o capitão e por isso no lugar dele havia vinho a dobrar. Eu gostava mais de refrigerantes, mas tinha de beber, claro. Era uma forma de conquistar a simpatia deles."*
Às vezes, enquanto o  microondas funciona, dou por mim a pensar  nas vidas destes tipos que cruzavam mares e aterravam  na mesa do Manel Fernandes.
Lembro-me de um pontapé de moinho num pelado ( Salgueiros?) - como não o encontro,  matemos  as saudades com esta colecção ou com o melhor golo do México 86.


fonte TVi.

domingo, 25 de dezembro de 2011

 MOLECULAR:

Jogamos como o meu pai e o meu avô diziam que jogava o Brasil, disse Guardiola após  a final do Mundial de Clubes ( 4-0 ao Santos). Se  substituirmos  jogámos por cozinhámos e Brasil por minha aldeia, a frase podia  ser de Arzak, Adriá ou do Can Fabes.
Deixo o debate sobre a cozinha molecular para as  páginas da Ler ( estou a meio de uma série sobre comida), mas o tom  é esse:  a base é a origem ( os super-bascos fizeram um levantamento exaustivo do receituário tradicional) , mesmo quando o produto final é bestialmente depurado.
Neste BarcelonaxBilbao, de 1999, podemos ver Guardiola a ordenar o jogo. Imagino-o como um tipo insuportável: sempre  calmo, sempre recto, sempre satisfeito.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

SAVICEVIC:

Os mais novos não se lembram deste Ferrari do AC Milan. Como os Ferraris, não era bicho para rampas nem estradas pedregosas. Na altura havia boa colheitas lá pelas dalmácias  ( Boban, por exemplo).
Savicevic começou no FK Buducnost, de Titograd. Uma  anedota da Rádio Mulherzinha ( nos tempos dos paraísos de ferro) contava que Tito se disfarçou de operário para saber  o que pensavam dele. Entrou numa fábrica e perguntou a um operário o que achava de Tito. O homem levou-o por corredores escuros  e caves esconsas. Quando julgou seguro, lá lhe confessou que até gostava muito do kamarada Tito.
Savicevic,  hoje, seria uma mistura de Xavi com Aimar.

Las galletas de Pepe



Eu também sou sensível fora do campo.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Roberto Bettega 1973 intervista



O meu homem da Copa de 78.
 FÁBULAS:

Todos conhecem a história da raposa e do ouriço,  recordada  por Sir Isaiah Berlin a partir de Arquíloco: a raposa conhece muitas coisas, o ouriço só uma mas  muito importante.
Há treinadores-ouriços. Jesus só sabe trabalhar um modelo e mal explicado. Se tiver  alas  rápidos e se tiver um ponta móvel ( como teve no Braga), a coisa corre bem. O problema é que JJ não sabe escolher jogadores: compra esquerdinos  para  a direita e vice-versa, lentos por rápidos e vice-versa ( Meneses, por exemplo). Ainda por cima enxertou uma tartaruga ( Cardozo) no carrossel.
Raposas? Cajuda, Ranieri, Oliveira ( sim, esse mesmo).
EL FLACO:

Mennotti: 

1) O futebol é uma arte e a arte é disciplina. 
2) Prefiro ser antigo como Mozart e não moderno como Julio Iglesias.
3) O meu futebol é de esquerda: generoso, aberto, comprometido com  a gente.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

QUIZZ PEDAGÓGICO (II):

P: O que é uma equipa ofensiva?
R: É aquela que não tem medo de ganhar.
P: Porquê?
R: Porque as equipas  normais, depois de se colocarem em vantagem, pensam em defender. Têm medo de ganhar.
OS LATERAIS:

Foi no Campeonato do Mundo de 2002 que Cafu e Roberto Carlos selaram definitivamente o papel dos laterais no futebol do século XXI. O lateral ideal de hoje é o negativo de Emerson ( Benfica), mas também  se distancia de Marcelo ( Real), um baixote destravado,  ou João Pereira ( Sporting), um baixote destravado duplo.
O lateral sobrepôs-se ao extremo porque este já não tem espaço e é raro. Os jogadores são hoje muito mais versáteis, por isso Pujol ( Barcelona)  pode dobrar o colega sem dificuldade. O lateral moderno é um ala que arranca de uma linha imaginária transversal ao relvado, riscada entre dois pontos equidistantes da linha de fundo e da linha de meio campo. Sendo um ala, tanto vai para o meio como para a linha. Tem de ser mais do que  o antigo carrilero, que era uma espécie de comboio monocórdico, como Maxi Pereira às vezes  é.
Evra ( Manchester), Dani Alves ( Barcelona)  e Álvaro Palito  Pereira ( FcPorto), por exemplo,  guardam o Graal.
QUIZZ PEDAGÓGICO:

P: Qual é o jogador mais perigoso do Barcelona?
R: O terceiro   tipo que o Messi engole.
P: Porquê?
R: Nessa altura,  ou já está em frente do keeper ou tem dois colegas em frente do keeper.